Atualmente, parece que as pessoas elogiam a meditação como uma solução para qualquer problema que esteja enfrentando. Sentindo dor? Estressado? Distraído? Existe uma forma de meditação para cada um desses casos. Mas hoje daremos falaremos sobre a Meditação da Atenção Plena – Mindfulness.
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Mas o que realmente ocorre no seu cérebro quando você medita?
De acordo com Kristoffer Rhoads, neuropsicólogo do Harborview Medical Center e Professor Associado de Neurologia na Escola de Medicina da Universidade de Washington, embora haja diversos tipos de meditação, a meditação da atenção plena (mindfulness) é a mais estudada.
“A meditação da atenção plena é estar conscientemente presente no momento atual, sem julgamentos”, explica ele. “É uma prática simples, porém não fácil.”
Rhoads compartilha o significado da meditação da atenção plena (mindfulness), a ciência por trás de todo o modismo e por que a meditação pode ser tão benéfica.
Como praticar a meditação da atenção plena (mindfulness)?
Na meditação da atenção plena, você direciona sua concentração para algo específico, frequentemente sua respiração, e tenta manter sua atenção nesse objeto.
“Você pode fazer isso em qualquer lugar, a qualquer momento”, afirma Rhoads. “Não há um conjunto rigoroso de regras a seguir, e você não precisa passar por um treinamento extenso para fazê-lo.”
Para praticar essa forma de meditação, você só precisa encontrar uma posição confortável e começar a focar sua atenção na respiração. Se quiser, também pode percorrer mentalmente seu corpo (prestando atenção a cada parte do corpo, dos pés à cabeça) para perceber sensações e liberar qualquer tensão que esteja sentindo.
Embora o objetivo seja concentrar-se na respiração, Rhoads ressalta que seus pensamentos irão vagar, o que é normal e um processo natural da mente. Basta observar, sem julgar, os pensamentos ou sentimentos que surgem e, em seguida, direcionar sua atenção novamente para o objeto de meditação e o estado meditativo.
O que acontece com o seu cérebro durante a meditação?
Apesar de ser uma atividade que focaliza o momento presente, muitas coisas ocorrem no seu cérebro durante a meditação.
“A plasticidade cerebral é uma propriedade maravilhosa do cérebro, que responde às atividades que você realiza. Quanto mais você pratica algo, mais desenvolvida fica a região cerebral correspondente”, explica Rhoads.
A meditação desenvolve várias regiões do seu cérebro
O cérebro se desenvolve por meio de conexões neurais. Os neurônios, as células responsáveis pelo processamento de informações no cérebro, conectam-se entre si, criando caminhos neurais que influenciam seus pensamentos, sensações, emoções e ações.
Quando você repete uma atividade várias vezes, fortalece as conexões neurais envolvidas, o que desenvolve as regiões correspondentes do cérebro.
Por exemplo, se você é um motorista de táxi que constantemente navega por rotas diferentes, estará fortalecendo as conexões neurais responsáveis pelo raciocínio espacial no seu cérebro.
Esse mesmo processo ocorre durante a meditação.
Embora as pesquisas sobre meditação da atenção plena ainda estejam em estágios iniciais, alguns pequenos estudos iniciais descobriram que, ao longo do tempo, a meditação da atenção plena pode aumentar a densidade da massa cinzenta no hipocampo e em outras regiões frontais do cérebro, além de aumentar a ínsula anterior e a espessura cortical.
O aumento da massa cinzenta e do hipocampo esquerdo contribui para a aprendizagem, cognição e memória, resultando em uma melhor retenção de fatos e um comportamento mais consciente. Já os aumentos na ínsula anterior e na espessura cortical beneficiam a função cognitiva, a atenção e a autoconsciência.
“Se você observar os resultados após meditar por seis a 12 meses, geralmente por 20 a 30 minutos diários, é possível notar mudanças na estrutura cerebral e na função”, afirma Rhoads.
A meditação acalma o sistema nervoso simpático
Outro benefício emocionante da meditação da atenção plena é sua capacidade de desativar o sistema nervoso simpático, também conhecido como a resposta de luta ou fuga.
Quando você percebe uma ameaça, seu sistema nervoso simpático é ativado, liberando hormônios do estresse que ajudam você a lutar ou fugir. Depois que o perigo passa, o sistema nervoso parassimpático é ativado, permitindo que você descanse e relaxe.
Através da meditação, você essencialmente desativa o sistema nervoso simpático e ativa o ramo parassimpático, explica Rhoads. Estudos iniciais descobriram que, ao longo do tempo, essa prática pode ajudar a reduzir a dor, a depressão, o estresse e a ansiedade.
Rhoads também destaca como acalmar o sistema nervoso simpático por meio da meditação pode diminuir a reatividade emocional.
“Pode ser difícil aceitar certos aspectos do momento presente quando eles não são agradáveis”, diz ele. “Para mim, o principal benefício da meditação da atenção plena é ter a prática de se desconectar do que está causando estresse.”
Ao observar sem julgamentos o que surge durante a meditação e, em seguida, deixá-lo ir, você se torna mais capaz de evitar desencadear a resposta de luta ou fuga quando algo negativo surge na vida.
“Existe uma distância que se estabelece entre o estímulo e a sua resposta. Você tem a chance de notar a sua reação”, afirma Rhoads. “Quando começo a me sentir estressado, com raiva ou preocupado, eu penso: ‘É assim que eu quero reagir?”
A mensagem principal? A meditação é uma prática, não uma solução mágica.
Embora a meditação da atenção plena possa gerar mudanças incríveis no cérebro e na perspectiva, isso não acontece da noite para o dia, nem é uma cura para tudo.
Aprender a abrir mão das expectativas e simplesmente experimentar a meditação é difícil, mas em grande parte, é esse o objetivo. Quanto mais você pratica estar no momento presente, sem julgamentos ou expectativas, melhor você se torna nisso.
“Não espere vivenciar a iluminação ou ter uma experiência mística”, diz Rhoads. “Mas as pessoas descobrem que, mesmo após uma prática de 10 ou 15 minutos, elas se sentem mais centradas, calmas ou relaxadas. É ótimo se isso acontecer, mas também é ótimo se não acontecer. Confie no processo.”
Fonte: https://rightasrain.uwmedicine.org